Escrito em por

Spread

Problemas não são os juros, mas os spreads altos

Na última semana, foi divulgado um levantamento apontando que os juros cobrados do consumidor bateram o recorde dos últimos 18 meses pela elevação da taxa básica, a Selic, em 2013.

A taxa média de juros do cheque especial subiu de 7,85% para 7,89% ao mês de setembro para outubro. Os juros do cartão de crédito subiram de 9,41% para 9,45% ao mês mesmo período.

Na prática, significa que em um empréstimo de R$ 2.000, por exemplo, no cheque especial para pagamento de 12 meses, o valor da parcela mensal subiu R$ 0,55, passando para R$ 263,88. São R$ 6,60 a mais por ano.

No cartão de crédito, as parcelas mensais passam de R$ 285,13 para R$ 285,66 –uma diferença de R$ 0,50 por mês ou de R$ 6 por ano.

É importante entender, no entanto, que a Taxa Selic não é o único nem o maior problema da economia. O spread bancário é um vilão maior. E por isso, é importante que você saiba como é calculado o Spread Bancário.

O spread é a diferença entre a taxa de juros cobrada pelo banco do cliente que pega dinheiro emprestado e a paga pela instituição ao cliente que faz aplicações e decide resgatar o dinheiro.
E o spread bancário do Brasil é o mais alto do mundo.

O spread se manteve em patamares extremamente elevados em níveis mundiais, mesmo com as quedas representativas nas taxas de juros que aconteceram desde o final dos anos 1990.

Para se ter uma ideia, na década atual, o spread gira em torno de 40% no Brasil, sendo que, no México, não passa de 12%. Em relação aos EUA e à Europa, a diferença é ainda mais gritante, já que o índice nesses locais gira em torno de 3%.

Outro dado que comprova isso é o ranking do FEM (Fórum Econômico Mundial), que apontou que, de 138 países que medem o spread, o Brasil se encontra hoje na 137ª posição. Ganhamos de Madagascar, sem grande papel na economia mundial.


Samy DanaSamy Dana possui Ph.D em Business, doutorado em administração, mestrado e bacharelado em economia. Atualmente é professor de carreira na Escola de Economia de São Paulo da FGV, criador e coordenador de do Núcleo de Cultura, Criatividade e Comportamento – GVcult. É consultor de empresas nacionais e internacionais dos setores real e financeiro e de órgãos governamentais. Dana é autor dos livros “10x Sem Juros” (Saraiva), em coautoria com Marcos Cordeiro Pires, “Como Passar de Devedor ParaInvestidor” (Cengage), em coautoria com Fabio Sousa e “Estatística Aplicada” (Saraiva), em coautoria com Abraham Laredo Sicsú.


Fonte: Folha de S.Paulo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *