abr 24, 2025 .

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Hedge financeiro sem custo? Aprenda a usar o CDI com estratégia


A volatilidade do CDI continua sendo um dos principais riscos enfrentados por gestores financeiros no Brasil. Oscilações na Selic afetam diretamente o custo do capital e a rentabilidade de aplicações corporativas. Como proteger a estrutura financeira da empresa sem depender de derivativos ou assumir novos custos?

Neste artigo, você vai entender como aplicar uma estratégia prática e eficaz de hedge financeiro sem custo, utilizando estruturas indexadas ao CDI. Trata-se de uma abordagem ancorada em fundamentos econômicos sólidos, com benefícios imediatos para empresas que buscam previsibilidade financeira e eficiência na alocação de passivos e ativos.

Ilustração conceitual de hedge financeiro usando CDI, com gráficos, moedas e proteção visual

O dilema clássico: CDI + taxa fixa ou percentual do CDI?


Essa pergunta é recorrente em comitês financeiros e decisões de funding:

“É melhor captar em CDI + spread ou em percentual do CDI?”

Para responder, é preciso compreender como a estrutura a termo da curva de juros incorpora expectativas futuras. A escolha ideal depende da leitura sobre a evolução da Selic em relação ao que já está precificado pelo mercado. Ou seja, não se trata apenas de comparar taxas nominais, mas de analisar a estrutura intertemporal dos custos financeiros.

Simulação prática: duas estruturas com mesmo ponto de partida

 

  • CDI atual: 15% ao ano
  • Opção A: CDI + 1,50% → 16,50% ao ano
  • Opção B: 110% do CDI → 16,50% ao ano

A princípio, ambas têm custo equivalente. Mas basta o CDI variar para que o custo real se desloque. Se a Selic subir além do esperado, a opção percentual se torna mais onerosa. Por outro lado, se a Selic cair, o custo da taxa fixa será mais pesado.

Essa simulação pode ser facilmente testada com a planilha de PMT indexada do CalcBank, que permite calcular custos nominais e reais com base em cenários de CDI projetado.

Aplicando na prática: caso real com estrutura de hedge embutido


Durante uma consultoria com um cliente que tomava R$ 1,2 bilhão a CDI + 1,50% e aplicava R$ 400 milhões a 102% do CDI, identificamos uma exposição líquida não gerenciada. Qualquer queda no CDI impactaria negativamente tanto o passivo quanto o retorno da aplicação.

A proposta foi simples:

  • R$ 1,020 bilhão a CDI + 1,50%
  • R$ 80 milhões a 110% do CDI
  • Aplicação mantida em R$ 400 milhões a 102% do CDI

Essa nova composição criou uma forma de hedge natural contra a oscilação do CDI, sem derivativos e sem custo adicional. A diferença entre o que se aplica (102%) e o que se toma (110%) gera um offset de proteção, balanceando o impacto da taxa em ambas as pontas.

Esse racional está detalhado no e-book gratuito sobre Operações de Capital de Giro.

Fundamentos econômicos do hedge estrutural


A estratégia descrita se apoia em três pilares teóricos:

  1. Asset Liability Management (ALM): gestão integrada de ativos e passivos com mesmo indexador, buscando neutralidade financeira.
  2. Estrutura a termo da taxa de juros: análise da curva de DI futuro para antecipar movimentos de mercado.
  3. Hedge natural: uso da própria estrutura operacional (empréstimos e aplicações) como instrumento de mitigação de risco.

Esses fundamentos são amplamente utilizados por bancos e podem ser aplicados por empresas não financeiras com grande eficiência.

Como dimensionar corretamente o hedge


Suponha que a aplicação de R$ 400 milhões está 2% acima do CDI. Para proteger esse ganho em um cenário de queda do CDI, basta contrabalançar com R$ 80 milhões de dívida a 110% do CDI (10% acima do CDI base).

A conta é simples:

R$ 400.000.000 x 2% = R$ 80.000.000 x 10%

Essa lógica pode ser testada com a planilha de deságio por dias úteis do CalcBank.

Outros cenários onde o modelo se aplica


Além de grandes captações, a estrutura de hedge via CDI também pode ser útil em casos como:

  • Exposição cambial indireta: contratos em moeda local com forte correlação à Selic
  • Empresas com excesso de caixa: como construtoras ou holdings financeiras
  • Projetos de longo prazo: que exigem controle orçamentário rigoroso do custo financeiro

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Conclusão: hedgear com inteligência é possível


Proteger-se contra a oscilação do CDI não exige operações complexas. Com leitura de mercado, racional econômico e estrutura financeira bem posicionada, é possível construir proteção sem derivativos e sem custo.

O CalcBank disponibiliza ferramentas e conteúdos gratuitos para que você tome decisões financeiras com mais autonomia, técnica e estratégia.

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